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terça-feira, 15 de março de 2011

Informativo

           Venho comunicar-vos através deste que a partir deste exato momento haverá algumas alterações neste blog de caráter literário que agora, além de literário, terá caráter religioso. Não, não falarei apenas de religião. Não entendeu? Eu explico. Agora toda poesia ou prosa aqui postada terá um grande e único destinatário: Jesus Cristo.
           "Ah!!!! Agora você vai ficar nessa lenga-lenga de 'Jesus, te amo'; 'Jesus, amor da minha vida'? Qual é a sua, cara?!" Quando você está apaixonado por alguém você não pensa nela o dia inteiro e tudo que escreve é direcionado pra ela? Enfim, resolvi assumir, depois de meses e meses de namoro às escuras meu romance com Jesus.
           E aproveitem que desse meu amor não tenho ciúmes.

sábado, 12 de março de 2011

desTemporâneo


            Sexta-feira treze. Havia uma viagem a ser realizada. Não havia motivos para que esta se realizasse, não motivos óbvios: todas as despesas seriam custeadas pela escola. Mas como? Como justificar tais fatos? Ou melhor, como compreendê-los? O tempo nos ironizava cada vez mais.
            Dois dias passaram rápido. Tantas informações acumulavam-se sobre mentes perturbadas e ainda incrédulas. Dúvidas, incertezas, indecisões. Enfim chegamos ao aeroporto: rostos aflitos e todos se viam como protagonistas do acidente aéreo ocorrido pouco tempo antes no mesmo Atlântico com destino à mesma França para a qual deveríamos nos dirigir.
            O lado frio, assombroso e gélido da noite invadia cada mente e tudo o que não foi feito durante aqueles anos incomodavam nossa consciência como batidas impertinentes à porta do banheiro. Lágrimas aos olhos, à face, e o melancólico contato destas com o chão. A dor da incerteza do futuro e da volta. Indagações deterioravam a solidez psicológica que ainda restavam: "Será que amei aos meus suficientemente?"; "Será que fui 'marcante' ao ponto de ser lembrado no futuro?"; "Quantas vezes deixei de dizer 'eu te amo'?".
            Embarcamos no avião. Antes pude olhar pro céu e ver que este nos dizia alguma coisa. Um aviso? Um presságio? Queria Deus nos alertar? Mas e agora? Ir ou ficar? Acovardar-se diante o medo ou ouvir o impertinente lado inconsciente da mente? Resolvi confiar no que não se podia ver, ouvir ou entender. Confiei no inconfiável. Confiamos, todos confiamos. 
            Os primeiros minutos no avião foram longos. Longos suficientemente para alterar a pressão com que os sangues de nossas veias corriam: ora adrenalina, ora medo e outrora o medo que aumentava a adrenalina. Enfim o avião decolou. Foi como se saíssemos de um mundo e fossemos pra um lugar longínquo, onde éramos nossos próprios herois e criptonita alguma pudesse nos deter.
            Algum tempo depois passamos por uma turbulência que parecia piorando com o tempo. O piloto nada nos dizia e o avião perdia altitude, e nós os “poderes”. Estávamos sob o mar - talvez um mar de criptonita. Decidimos ir á cabine da aeronave. Não encontramos o piloto, nem o co-piloto, nem ninguém que aquela altura poderia nos ajudar. Ao olhar para frente vimos o mar se aproximando como os lábios de um casal apaixonado depois de muito tempo distante. Voltamos desesperadamente para dar a notícia aos que ficaram a aguardando.
            Em meio ao desespero conseguimos ouvir o que a principio parecia uma mentira do tipo “giz de cera de escrita tridimensional”. Mas o que restava a nós – seres indefesos diante à lei da gravidade – se não acreditar? Conseguiram, então, alinhar o avião ao nível do mar com a ajuda do suposto contador de história que, pra nossa sorte, agora dizia a verdade e sim, ele sabia pilotar um avião. Naquele momento me arrependi de não ter jogado “Flight Simulator” com meu irmão.
            Assim que a tensão passou, nos deparamos com outro obstáculo: logo a frente havia uma ilha montanhosa. Pular ao mar ou colidir com as montanhas? Será que conseguiríamos nadar em mar aberto? Os que se deixaram tomar conta pela adrenalina e os reflexos que o medo os causou pularam (muitos sem saber nadar). Aos que resolveram pensar nos perigos do mar aberto e dos seres que o povoava restou à paralisia, fruto do medo. Decidi pular e só depois que senti a água salgada em minha boca que me dei conta dos riscos que todos nós corríamos e do certo fim da vida que aguardava os que não conseguiram ou não quiseram deixar a aeronave. Que a essa hora já se chocara contra uma das montanhas.
            Chegamos à ilha e resolvemos desbravá-la. Herança bandeirante? Desespero? Fome? Certamente um pouco de tudo. Ao adentrar a ilha percebi que ali havia mais que vestígios animais.
Era como se algo mágico exalasse das plantas. Talvez estivesse delirando, mas o ar tinha sabor, sabor de incerteza. Mas a aquela altura dos fatos nada mais nos assustava - incrédulos ficaríamos se algo racional acontecesse. Andando um pouco mais, segundo instintos pouco humanos, encontramos destroços do avião e, por incrível que pareça, nenhum corpo! 
            Logo a diante encontramos um portal no meio de uma rocha. Sem cerimônia alguma tentamos abri-lo. O que tínhamos a perder? A vida? Será que estávamos mesmo vivos? A porta se abriu como se nos esperássemos ansiosamente. O ar tinha outro cheiro, outro sabor e o ambiente muito se conhecidia com o de uma caverna onde se podia ver ossadas vestidas de roupas de todas as épocas.
            Ao olhar para frente vimos um jovem rapaz de aparência curiosa, cabelos longos, volumosos e cacheados, vestido com roupas de couro, cartola e relógios por todos os lados. Este se apresentou como “Senhor T”, disse que esperavam por nós, nos convidou para uma ceia farta – na mesa estavam os que ficaram na aeronave - onde a refeição descia do teto.
            Tantas informações, a princípio, embaraçavam minha mente. Um misto de vontades surgiu, mas a fome falava mais alto do que qualquer vestígio de racionalidade e calava qualquer tipo de indagação que ousasse concretizar-se.
            Após a refeição, sentimo-nos revigorados, como se houvesse algum estimulante por trás de toda aquela farta refeição. Em seguida, Senhor T nos chamou e disse que estávamos ali a fim de cumprir uma missão a nós designada. Indagações surgiam em meio à desconfiança. O medo paralisava todos, um por um. Como se aquelas palavras transformassem-se em alguma espécie de Medusa, da mesma forma que seus relógios nos induziam a dizer sim.
Fomos apresentados a um closet onde havia vestuários correspondentes a todas as épocas. O cheiro de mofo que dali exalava era um prova de que não havia nada de novo para ‘T’ em mandar pessoas para o passado. Após nos vestir à caráter olhamos à nossa volta e vimos pessoas com vestuário semelhante ao nosso e à tanta outras épocas históricas.
            Recebi então uma ampulheta com inscrições na base em francês e outro de nós um livro com a capa de couro, um pequeno cadeado e folhas amarelas. O cheiro de mofo que exalava deste provocava meu organismo que respondeu com reações alérgicas. Não tínhamos idéia de que fazer com tais objetos e nem de como se lia francês. Mas a esta altura o que menos importava para nós era os detalhes, estávamos eufóricos de mais para isso.
            Vestidos a caráter, fomos diretos á França do séc. XIX – com a ajuda de uma máquina do tempo. Chegando lá encontramos um ambiente triste, onde a arte dividia espaço com a tecnologia – assim como o filho primogênito tem de dividir atenção com o caçula. Em uma praça vimos um jovem pintor olhando para o mundo estaticamente, como se a vida tivesse acabado.  Indagamo-lo:

O que fazes aqui, sentado e não pintando essas belas paisagens? O que lhe aflige ao ponto de paralisá-lo?

Não vês que não temos mais utilidade? – disse o rapaz. A sociedade não valoriza a arte desde que essas malditas máquinas chegaram aqui. Para se fazer arte e ser valorizado só se precisa de dinheiro e fogo.

E em que isso vos impede de continuar com sua arte?


Ora, pois! O que nos impede?! – retrucou o rapaz ferozmente. O descaso com nossa arte. Diga-me quem espera por meses um retrato quando se pode obtê-lo em tão pouco tempo?”

Neste meio tempo podíamos observar fotógrafos por toda a parte. O rapaz, então, pegou seu material e pintou rapidamente o que parecia ser uma família retirante. De fato, à distância a pintura parecia perfeita, mas de perto apenas um borrão. Talvez o rapaz tivesse o intuito de ser ágil como uma máquina e, por isso, havia deixado os detalhes e a proximidade a perfeição de lado.
            Descrevemos Senhor T com o intuito de achar informações sobre ou até mesmo encontrá-lo, mas nada conseguimos. Pedimos então para ir até Monet, que nos indicou um lugar onde poderíamos encontrar diversos pintores da época e nos acompanhou até lá. Monet conversava sobre sua insatisfação com as máquinas e a frustração das limitações humanas ficava expressa em seu olhar artístico.
            Ao adentrar o bosque, onde se realizaria o encontro vimos um grande número de pintores e um excluso grupo de fotógrafos que registrava aquele momento com suas máquinas. Resolvemos conversar com um deles. Sua visão favorável as máquinas parecia inalterável, só um milagre seria  tornaria nossa persuasão eficaz. Como já era de se esperar o pôr-do-sol apareceu e de forma mágica, milagrosa, conseguiu transformar aquele jovem fotografo convicto de suas idéias em um jovem pintor que agora admira o sol beijando as montanhas em meio às folhas que continham os últimos raios de sol.
Perguntamos à ele sobre o Senhor T e recebemos a informação de que os pintores normalmente iam ver o por de sol na visão mais privilegiada da cidade. Depois de um tempo ele se lembrou de um homem de características pouco comuns e disse que este havia passado por lá há pouco tempo. Imaginamos que fosse “T”. Como nada mais parecia poder nos surpreender fomos à este local e imaginamos que “T” fosse um pintor naquele período, já que parecia ter várias versões segundo cada época.
Chegando ao monte podemos ver o céu como nunca havíamos visto antes. Ele parecia reluzir mais intensamente do que nunca, como se precisasse nos dizer algo. Não havia nuvens nem nada que pudesse atrapalhar nossa vista. O céu ia de amarelo à vermelho, como numa escala cromática. Agora parecia perfeitamente compreensível a mudança de comportamento daquele jovem. O por do sol fazia-nos enxergar com olhos poéticos – afinal, pintores são poetas que se expressam através da imagem.  Estes mesmos olhos também nos fez enxergar a vida melhor, boa ao ponto de saber que deveríamos voltar ao encontro. No caminho podemos observar a oscilação da paisagem de acordo com a intensidade da luz, como numa aula de arte moderna. A paisagem e todos aqueles fatos nos ensinaram muito até ali e parecia reservar mais.
Ironicamente ou não, assim que pensamos no Senhor T o encontramos. Enfim o “eu perdido” havia sido encontrado e nossa missão chegava ao fim. Mas uma indagação ainda pairava no ar. Qual seria a verdadeira missão: a nossa de encontrar o “eu perdido” ou a do Senhor T de acrescentar à nosso conhecimento?


quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Até quando?

Até quando? Até quando andaremos sozinhos? Até quando deixaremos a vida nos dominar e nos provar que não somos nosso próprio deus? Ou melhor, até quando vamos insistir em dar provas vãs de que somos capazes sozinhos? Até quando? Eu vos pergunto: até quando?

Se tens chorado e sofrido, eu voz pergunto: onde está vosso Deus? Se tens caído e hoje encontra-se chagado, ferido, novamente vos pergunto: onde está vosso Deus? Se tens vontade de desistir, se as lutas diárias parecem mais fatais a cada dia, eu vos pergunto: onde está vossa fé? 

"Deus, lhe deu mais que ar coração e lar. Deu livre arbítrio, e o que você faz? O que você faz?" 
Talvez não tenhas suportado o peso do livre arbítrio. Talvez tenhas deixado o teu Deus em segundo plano - ou em plano algum. Talvez tenhas se esquecido o significo de ter livre arbítrio. Talvez tenhas questionado o vosso Deus, como se depois de te dar livre arbítrio, Ele pudesse interferir em sua vida apenas quando você julgar preciso. Talvez tenhas esquecido de dar graças pelo pão de cada dia. Talvez tenhas esquecido que é preciso pedir pra que Deus caminhe contigo. Talvez tenhas esquecido de que toda ação tem uma reação e de que sem Deus não dá pra enfrentá-las. Talvez tenha esquecido que existe alguém que sempre estará do seu lado quando caires e que este alguém sempre lhe estenderá a mão. Talvez tenhas deixado o pecado te dominar, te consumir. Talvez tenhas se acomodado e esquecido de que Deus também precise de ti.

O barco já está em alto mar, já não podes ver o porto que até então era seguro. Resta à você escolher entre dois caminhos: lute contra as águas da vida, agarre-se à Deus enquanto há tempo; ou, deixe-se afogar por essas mesmas águas.

"Deus, lhe deu mais que ar coração e lar. Deu livre arbítrio, e o que você faz? O que você faz?"